Lean Manufacturing: conheça a metodologia da indústria enxuta

Lean Manufacturing, também conhecido como manufatura enxuta, é uma filosofia de gerenciamento de produção focada, principalmente, na sustentabilidade e redução de desperdícios, melhorando a qualidade e diminuindo tempo e custo.

Em momentos nos quais o mercado está sofrendo oscilações e com um nível de investimentos em baixa, é natural que as empresas busquem formas de conseguir uma melhor sustentabilidade.

Um tipo de linha de trabalho que vem ganhando muito espaço no mercado, principalmente nas organizações com ciclos de produção bem estabelecidos, é o Lean Manufacturing. Também conhecido como indústria enxuta, este tipo de gestão busca melhorar os resultados atacando principalmente a área de custos operacionais.

A metodologia Lean Manufacturing

Desenvolvido com o foco na melhoria da qualidade, por meio da eliminação de qualquer tipo de desperdício, a metodologia Lean Manufacturing, que ficou famosa por ter sido a principal responsável pela retomada do crescimento da Toyota, é mais do que um conjunto de ferramentas, é um tipo de filosofia de gestão.

Identificando fontes de desperdício e buscando uma maior agilidade das operações produtivas, ela ajuda a manter os custos das organizações dentro dos menores patamares possíveis.

Para cumprir com a sua missão é tornar uma indústria enxuta de verdade, a metodologia sugere algumas orientações que devem ser seguidas.

1. Valor (percebido pelo cliente)

Ao fazer a aquisição de um produto, é possível entender que comprador consegue identificar maior valor agregado no produto que compra do que no valor monetário que ele está entregando ao fabricante.

Para que se tenha uma melhor competitividade e chances de boas vendas, invista em meios de oferecer o que o cliente busca, ou seja, o valor percebido.

2. Fluxo de valor

Depois que se identificou o que realmente agrega valor ao produto final e produz os benefícios esperados pelo cliente, é hora de focar a produção nas atividades que fazem com que o item manufaturado obtenha estes valores.

Assim não se corre o risco de entregar ao mercado alguma coisa que não tenha nenhum apelo de compra.

3. Fluxo contínuo

Outro aspecto muito abordado da metodologia é a busca pela não interrupção do ciclo produtivo. Tudo precisa estar ajustado para evitar paradas que implicam em desperdícios.

Um bom exemplo é o tempo de setup das máquinas que deve ser considerado e, sempre que possível, minimizado, garantindo a racionalidade da utilização dos recursos.

4. Produção puxada

Uma das bases do pensamento lean é que a fabricação de estoque é uma fonte de desperdício quando este estoque segura recursos da empresa em vez de ser prontamente entregue ao consumidor.

Por isso, há a necessidade de ter uma melhor movimentação de materiais ao se pensar na produção — principalmente quando ela é motivada pela demanda do cliente em vez da acumulação de itens acabados, ou itens que ainda estejam no meio do processo produtivo.

5. Busca pela perfeição

A melhoria contínua é uma prática que não pode ser dissociada do Lean Manufacturing. A partir de ferramentas e apuração de resultados, acompanhamento e evolução do processo, a meta é sempre conseguir diminuir o desperdício, seja de qual recurso for.

Da matéria prima e do maquinários utilizados pela mão de obra que faz parte do processo, cada fase do fluxo de produção deve ser avaliada para que se possa conseguir o máximo de produtividade com o mínimo de problemas.

É por isso que a metodologia consiste em um controle sistemático e que sempre tem como foco o ganho de otimização dos processos, produtividade e escalabilidade.

Uma indústria enxuta é uma empresa que consegue seguir adequadamente a linha de trabalho sugerida pela metodologia Lean Manufacturing. Como resultado, ela poderá apurar melhores processos e muito menos desperdício em sua operação.

Os 7 desperdícios de produção segundo Lean Manufacturing

O conceito de desperdício dentro de uma empresa foi, inicialmente, trabalhado por Taiichi Ohno, um dos desenvolvedores da metodologia Lean e são basicamente 7, independentemente do ramo de atuação da empresa ou seu tamanho. Vamos listá-los.

1. Produção em excesso

O primeiro é a produção em excesso, quando uma determinada empresa produz mais do que ela realmente consegue comercializar, inchando o seu estoque e aumentando a oferta de seu próprio produto na praça.

Isso também ocorre não apenas na etapa final, mas entre os processos produtivos. Por exemplo, a produção de um produto leva 1 hora e a embalagem 2 horas, em pouco tempo, os produtos para embalar estarão superando em muito a capacidade desse processo. Isso gera custos desnecessários.

2. Espera

Uma das premissas do sistema Lean é o fluxo contínuo da produção, sem interrupções. No caso do exemplo acima, o primeiro processo deve esperar pelo segundo para não haver acúmulo, o que gera perdas.

3. Processamento desnecessário

Dentro das linhas de produção modernas, mesmo com toda a tecnologia, existem diversas atividades que poderiam ser eliminadas, melhorando ainda mais os resultados finais do processo produtivo.

Podemos destacar determinadas atividades repetitivas como a checagem de algo que já foi checado, tratamentos de estética em partes do produto que não estão visíveis, entre outras atividades sem necessidade.

4. Estoque

Produtos estocados em excesso significam capital parada e desperdício de oportunidades, algo impensável dentro do sistema Lean. O estoque deve ser utilizado de forma estratégica, mas sem o acúmulo de materiais ou produtos.

5. Transporte

O transporte é um dos principais problemas enfrentado em nosso país, gerando várias perdas devido às condições das estradas e problemas de logística. Por conta disso, focar na gestão da qualidade da movimentação de produtos e insumos é fundamental.

6. Movimentação

Pessoas circulando sem necessidade dentro ou fora do ambiente da empresa também pode significar um alto custo no fim das contas, pois esse tempo gasto no movimento poderia ser utilizado para a produção. A mesma coisa em se tratando de ferramentas e maquinário.

7. Correção

O correto é realizar a produção apenas uma vez, evitando erros que possam demandar de correção, o que gera grandes prejuízos. Vide os recalls, no qual as empresas chamam todos aqueles que consumiram um determinado produto para a realização de um ajuste, que pode sair muito caro para a organização.

As principais ferramentas do Lean Manufacturing

Por ser uma metodologia consagrada, o conceito de Lean Manufacturing conta com o apoio de diversas ferramentas interessantes, que podem ajudar em sua aplicação no dia a dia. Entre elas podemos citar:

Just in time

O conceito de just in time é muito simples, produzir apenas o necessário para suprir um determinado pedido, evitando a construção de grandes estoques ou a aquisição de grandes volumes de matéria-prima.

5S

Essa é uma ferramenta de qualidade muito conhecida e permite que toda a empresa foque na busca dos 5 principais fatores de promoção da qualidade dentro do negócio. São eles:

  • Seiri - utilização: evitar qualquer tipo de desperdício;

  • Seiton - organização: organizar da melhor maneira o espaço;

  • Seiso - limpeza: manter sempre o ambiente limpo;

  • Siketsu - padronização e saúde: criar normas de segurança e padronização;

  • Shitisuke - disciplina: garantir a melhoria contínua.

Kaizen

Ferramenta de qualidade que busca a redução de custos e o aumento da produtividade por meio da aplicação do famoso ciclo PDCA:

  • plan - planejar;

  • do - fazer;

  • check  - verificar;

  • act - agir.

A sustentabilidade na indústria

A industrialização é primordial para o desenvolvimento econômico de um país. Porém, sua contribuição para o crescimento do PIB e a geração de empregos vem, muitas vezes, acompanhada de degradação ambiental — mas não precisa ser assim.

O pensamento verde já é parte da produção em países desenvolvidos como Alemanha, Noruega e Estados Unidos. Com incentivos governamentais, pesquisa de ponta em sustentabilidade na indústria e um pensamento ecológico difundido na população, a imagem de poluidora do setor secundário está se transformando radicalmente.

Consumir, descartar e poluir sem preocupação continua sendo a medida mais “preguiçosa” e fácil, mas o que nem todo mundo sabe é que pode não ser a mais produtiva — nem a mais econômica. Veja algumas razões para isso:

O mundo a seu favor

O telhado nos protege da chuva e do sol, mas poderíamos aproveitar dessa situação? Será que tem um modo mais inteligente para aproveitarmos esses recursos naturais de uma forma mais sustentável? Respondemos essas perguntas logo abaixo, confira!

Energia solar

A Alemanha está fazendo uma revolução energética nesse exato momento, fechando as usinas nucleares e apostando em energia solar e eólica. Ela conta com investimento estatal, mas as iniciativas privadas fazem uma boa parte dessa iniciativa.

Cada vez mais baratas de adquirir e produzir, as fontes alternativas geraram um valor negativo em maio de 2016. Quem usou, recebeu para isso!

Como país tropical, o potencial brasileiro é muito maior. E já existe tecnologia no país para geração de energia solar in loco. O telhado de um galpão é ideal para sua pequena usina. É um investimento que paga a si mesmo.

Reaproveitamento de água da chuva

Com um sistema simples e eficiente, é possível recolher toda a água que cai no telhado e armazená-la em um tanque para consumo não potável. Que tal diminuir sua conta de água enquanto ajuda o planeta?

Telhado translúcido

Muitas luzes acesas enquanto lá fora está tudo ensolarado? Além de janelas para entrada de luz lateral, a substituição de algumas telhas por material translúcido pode diminuir significativamente os seus gastos com energia e deixar uma sensação de bem-estar, associada com a luz natural.

Tecnologia ecológica

Seu maquinário consome muita energia e combustível? Talvez seja hora de fazer adaptações, ou mesmo de adquirir alternativas mais econômicas. Pense que seu investimento vai se pagando pouco a pouco com a redução dos gastos.

Estado verde

Você sabia que existem incentivos fiscais para empresas que adotam medidas ecológicas? Por outro lado, irregularidades com a lei ambiental podem gerar penalizações graves, além de manchar o nome da companhia.

Um programa de sustentabilidade na indústria é exigido para participar de algumas licitações — e a tendência é só aumentar.

Fontes limpas

É difícil conhecer a procedência de todos materiais que compramos, não é mesmo? No entanto, é muito importante saber as condições de extração e produção da sua matéria-prima. Dê preferência para organizações com uma preocupação ecológica e que investem em sustentabilidade. É uma forma de fazer crescer a consciência ambiental no mercado.

Aproveite para conhecer as condições de trabalho desses fornecedores. A luta pela dignidade humana e pelo equilíbrio ecológico são uma só.

Do lixo, o luxo

Considere todo o lixo que sua indústria produz. Agora pense se tudo isso é realmente inútil. Talvez seu desperdício possa conter novas possibilidades de produto, de mercado e de lucro.

Os suplementos alimentares proteicos, por exemplo, são um reaproveitamento do soro do leite que era jogado fora. Com maior valor agregado que o próprio leite, ele se tornou o carro-chefe de muitos produtores rurais.

Uma imagem fresca e florescente

O consumo consciente está cada vez mais difundido na sociedade. Além de ajudar o meio ambiente, a sustentabilidade na indústria pode te colocar em um lugar de destaque na mídia e no gosto do consumidor. Não seja modesto, anuncie as boas novas!

Certificações como ISO14001 podem fortalecer sua imagem de empresa moderna e eco consciente.

A partir desse conteúdo, vimos como o Lean Manufacturing é uma metodologia importante para desempenho sustentável da indústria. Como muitos países e empresas já descobriram, não existe espaço no futuro para a poluição e o desperdício.

Aliado a isso, aprenda em nosso conteúdo sobre indústria 4.0, um guia prático para acompanhar essa tendência!