A operabilidade e a segurança do trabalho são cruciais para ter processos com risco reduzido. Como na construção civil a busca pela eliminação de erros é constante, por representarem perda de tempo e recursos, é essencial aplicar metodologias para balancear esses fatores. Um exemplo é o Hazop, que garante segurança e qualidade aos processos.

Neste artigo, explicamos o que é essa metodologia, como funciona na prática, quais são as suas etapas e como implementar no setor de engenharia. Confira!

O que é Hazop e como funciona?

Hazop é a abreviação de Hazard and Operability Study, ou Estudo de Perigos e Operabilidade, em português. Como o próprio nome indica, a sua proposta é investigar detalhadamente as partes de um processo, identificando as variações do padrão formado inicialmente. Ou seja, busca detectar problemas que influenciam a qualidade do resultado.

A técnica foca dois tópicos:

• riscos inerentes à segurança do trabalho, integridade física dos trabalhadores, resistência das instalações e implicações ao meio ambiente;

• contratempos na operação a ponto de comprometer a eficiência da produção no canteiro.

Por apontar os riscos, as causas e os efeitos de possíveis gargalos, muitos setores adotaram esse método de análise. Para você ter ideia, ele foi desenvolvido nos anos 1960, por uma indústria química, mas outros segmentos o aplicam em seus negócios, como a construção civil.

Para esse nicho, a ferramenta serve para encontrar falhas com antecipação e evitar riscos durante a execução de uma obra. Assim, o canteiro se torna mais confiável aos colaboradores e aos gestores.

Quando o Hazop pode ser aplicado?

Sem um estudo efetivo, os riscos só podem ser descobertos após resultarem em acidentes com colaboradores feridos e perdas. Por isso, sistemas longos e complexos precisam de métodos de análise amplos para encontrar potenciais perigos.

A OSHA, agência do departamento de trabalho dos Estados Unidos, listou diversas metodologias comuns para encontrar falhas nesses processos. Dentre eles, além do Hazop, foram listados:

• Análise What-If (WI) — usa reuniões de questionamentos para testar omissões nas operações;

• Ciclo PDCA — representa o ciclo para a melhoria contínua com base nas etapas de Plan, Do, Check, Act (Planejar, Executar, Verificar, Agir);

• Análise de modos de falhas e efeitos (FMEA) — determina o efeito provável sobre a cadeia produtiva, até que o produto chegue ao consumidor final;

• Análise da árvore de falhas — identifica a causa raiz de uma falha por meio de um diagrama.

Contudo, a metodologia Hazop pode ser usada de maneira isolada quando o objetivo for garantir não somente que os problemas sejam resolvidos nas fases iniciais, como também a segurança no trabalho. Nesse sentido, a técnica pode ser aplicada em diferentes perspectivas. Confira, a seguir, as que mais se destacam!

Design

Nesse processo, é interessante aplicar o Hazop para detectar as falhas sistêmicas, bem como para avaliar a capacidade de um projeto de atender às especificações feitas pelos usuários e aos padrões de segurança como um todo.

Ambientes operacionais e físicos

Nos ambientes físicos e operacionais, é sempre importante garantir que os sistemas ou as instalações estejam alocados adequadamente, conforme o planejamento, com a estrutura e o suporte necessários para o seu funcionamento.

Controles operacionais

Tudo o que envolve o operacional precisa ser validado. Sendo assim, o Hazop também deve ser aplicado para analisar os controles de engenharia, procedurais e sequenciamento funcional.

Como implementar o Hazop na construção civil?

Para implementar o Hazop no seu canteiro de obras, é necessário aplicar quatro passos de análises sistêmicas. Uma vez concluídos, as informações resultantes ajudarão na melhoria do processo.

Basicamente, uma equipe seleciona variáveis físicas envolvidas em um procedimento, as quais são mensuradas e registradas em planilhas com orientações sobre estar de acordo ou não com o padrão projetado. Com essas combinações, é preciso determinar os obstáculos, destacando:

• as causas;

• os efeitos;

• a forma de detecção do problema;

• as providências cabíveis;

• os responsáveis pela tarefa.

A seguir, você confere como isso ocorre ao longo de etapas bem definidas e transparentes!

Monte uma equipe Hazop

A realização começa com a formação de uma equipe multidisciplinar. Os trabalhadores devem ter uma variedade de habilidades, como design, engenharia, operações, manutenção, entre outras.

O recomendado é que essas pessoas tenham conhecimento e experiência de anos. Por isso, devem ter certo tempo de empresa, por compreenderem melhor o sistema e considerarem as variáveis em cada ponto, sem deixar nada de lado.

Identifique os elementos

O time de trabalhadores escolhido deverá criar um plano para o processo de trabalho completo, apontando parâmetros individuais. Por exemplo, para os sistemas hidráulicos, podem ser usados diagramas de tubulação e instrumentos para servirem como um guia de examinação em cada seção e componente.

É preciso prestar atenção nas questões práticas, mas também em elementos operacionais planejados do sistema, como pressão, temperatura, taxa de fluxo, vibração, dentre outros.

Considere as variações possíveis

Para cada medida, os profissionais precisam considerar os efeitos do desvio a partir do que é considerado dentro dos padrões pré-definidos. Imagine que no sistema hidráulico foi identificada a existência de uma válvula controladora da pressão de fluidos. Com base nisso, é preciso fazer perguntas como:

• O que aconteceria se a pressão nessa válvula aumentasse?

• O que aconteceria se a pressão baixasse inesperadamente?

• O que aconteceria se ela fosse aberta muito tarde ou muito cedo?

Detecte perigos e pontos de falha

Por fim, é hora de avaliar os resultados. Se for encontrada alguma variação que represente perigo às pessoas do local ou para o processo de produção, é comprovado um problema em potencial.

Essa preocupação precisa ser documentada em planilhas ou softwares, além de serem estimados o impacto e a probabilidade de acontecer. A partir disso, medidas de segurança devem ser colocadas em prática para evitar que a falha ocorra.

Como os riscos e perigos presentes nas operações são preocupações características da construção civil, o Hazop pode ajudar a preservar a integridade dos colaboradores e a segurança estrutural, tornando os trabalhos mais previsíveis.

E agora que você sabe o que é essa metodologia, que tal conferir mais dicas sobre o assunto? Então baixe agora mesmo nosso e-book gratuito "Como fazer o gerenciamento de riscos na construção civil".